sexta-feira, 28 de maio de 2010

Dobradura em flor, poesia e afeto


"Agora tenho saudade do não fui.Acho que o que faço agora é o que não puder fazer na infância"
Manoel de Barros

Coisa boa na vida é juntar o que se gosta e admirar. Penso sobre a saudade como o poeta que diz  fazer o que não podia fazer na infância por não ter sido um menino peralta. No meu caso foi o contrário.Tenho saudade do que fui: menina peralta que gostava de brincar na rua.

E hoje sinto saudades da infância dos meus filhos. Passou tão rápido. E fui avisada disso.Muitos diziam "aproveite, o tempo passa rápido e os meninos crescem".

Saudades da infância dos filhos.Saudades dos meninos e meninas que conheci nas salas de aula que habitei nos últimos 25 anos.

Mas acredito que para  toda saudade tem um antídoto. E na poesia  "Achadouros" o querido poeta compartilha:

"Acho que o quintal onde a gente brincou é a maior cidade. 
A gente só descobre isso depois de grande. 
A gente descobre que o tamanho das coisa há que ser medido pela intimidade que temos com as coisas.
Há de ser como acontece com o amor.
[ ...] Sou hoje um caçador de achadouros de infância"

Para entender melhor, achadouros eram buracos nos quintais onde os holandeses escondinham baús com moedas de ouro em momentos de fuga, relata Manoel de Barros em seu poema.

Por isso, o remédio pra saudade, na minha opinião, encontra-se nos achadouros da nossa memória e do coração. Lembrar um fato, uma imagem, um cheiro, um amor, um afago, uma palavra... eis o antídoto .

A dobradura em flor será colocada em meus achadouros junto as muitas lembranças/saudades, pois foi feita ontem pelo meu filho Pedro que hoje tem 23 anos. 

Já pensou quantas lembranças tenho lá? Isabela, Pedro e Paulo: os filhos . E sem contar as tantas coisas de tanta gente querida que mora junto aos Achadouros da minha existência.

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